"Você pode estar na melhor equipe... Se não se superar, não superará o adversário."

segunda-feira, 13 de junho de 2011

O TREINADOR VITORIOSO

Ao contrário do que muitos pensam, ser Treinador não é tarefa fácil. Liderar grupos é extremamente complexo, sobretudo em situações como o esporte, onde as personalidades de cada um, as emoções e os sentimentos se acentuam.
Agir de forma racional, tomar decisões, demonstrar segurança e domínio sobre o que está se dispondo a fazer. Estas são apenas algumas das atitudes que se espera de um bom Treinador.
Marquinhos Xavier
No futsal, onde o jogo é ainda mais rápido e as intervenções do treinador influenciam ainda mais durante a partida do que em um jogo de futebol, as decisões, muitas vezes, devem ser tomadas em frações de segundos. E é exatamente este equilíbrio entre o racional e o emocional que será determinante para que determinada alteração faça a diferença no jogo, por exemplo.
Costumo dizer que os atletas, durante o jogo, retratam fielmente o treinador. É possível, ainda, presumir o ambiente do grupo no dia-a-dia, a relação dos jogadores com o treinador e entre os próprios atletas. Tudo isto em uma única partida.
Daniel Mutti[1] (p.20) compara os diferentes perfis de treinadores e a forma como isto se reflete nas equipes:

Técnico medroso = equipe sem confiança;
Técnico desanimado = equipe sem vibração;
Técnico nervoso = equipe sem equilíbrio emocional;
Técnico indefinido = equipe sem definição;
Técnico confuso = equipe sem padrão de jogo;
Técnico sem autoridade = equipe indisciplinada;
Técnico pessimista = equipe perdedora;

Porém,

Técnico seguro = equipe confiante;
Técnico tranqüilo = equipe calma;
Técnico esclarecido = equipe consciente;
Técnico determinado = equipe aplicada;
Técnico coeso = equipe unida;
Técnico otimista = equipe vencedora.

A função do treinador, não se limita às quatro linhas somente. Ele é o principal responsável por planejar as metas e objetivos de sua equipe para a temporada seguinte. Neste planejamento, o treinador, determina a sua comissão técnica e o perfil dos atletas a que pretende trabalhar.
Fernando Ferretti
Frequentemente vejo treinadores reclamando de que faltam opções dentro de seu grupo de jogadores. Oras, não foi o próprio treinador quem montou o seu grupo? Além do mais, não é dever do treinador extrair o que seu grupo tem de melhor?
Pois bem. Vejamos um exemplo. Determinado treinador queixa-se de que seu grupo de jogadores é muito forte fisicamente, porém demasiadamente lento. Portanto cabe ao treinador estabelecer um padrão de jogo à sua equipe que explore as virtudes de seu grupo e não seus deméritos.
Obviamente esta equipe não conseguirá jogar com passes em profundidade, nem tampouco com movimentações que exijam agilidade, movimentos rápidos. Este time deverá jogar com a bola nos pés, sem passes no “vazio”. Deverá forçar as jogadas de contenção no pivô. Poderá, ainda, explorar as jogadas de “parede” ou “barreira”. Enfim, em vez de o treinador ficar se estressando (e estressando aos atletas) para que os jogadores se adaptem ao padrão de jogo, deve ele, treinador, montar suas estratégias em cima do que os jogadores podem oferecer de melhor.
Outra coisa que costumo dizer sempre é o de que o atleta deve gostar de treinar. Treinar por prazer. E vou além: o atleta faz tudo o que o treinador lhe solicita. Realmente tudo. Porém desde que consiga enxergar naquele determinado exercício um motivo real para fazê-lo, ou seja, o atleta quer compreender em que aquele determinado exercício irá lhe beneficiar. É o famoso “por quê?” e o “para quê?”. O treinador experiente deve estar atento a isto. Deve constantemente explicar, com segurança, aos atletas os motivos pelos quais estão realizando determinado exercício e os benefícios que terão com aquele trabalho.
Para isto é necessário que o treinador esteja atualizado com as ciências do esporte e dispense um determinado tempo para fazer seus planejamentos e estudar sobre sua modalidade.
PC de Oliveira
Outra coisa. Em Treinamento Desportivo, nem sempre “Quantidade” significa “Qualidade” (aliás, quase nunca). Ou seja, pedir que os atletas corram por “meia-hora” não significa, necessariamente, que os mesmos estão melhorando suas capacidades aeróbias. Talvez um trabalho mais curto, porém intervalado, possa ser mais benéfico neste sentido.
O treinador é sempre quem dá a palavra final, porém ele não é o dono da verdade. Estabelecer acordos com o grupo e cuidar para que sejam cumpridos ao meu ver é a liderança mais produtiva. A liderança em que o atleta executa por medo poderá durar por algum tempo, mas um dia, mais cedo ou mais tarde, irá trazer prejuízos ao atleta e ao treinador.
Respeito é a palavra. Aliás, se o treinador quiser ser respeitado, deve também respeitar aos seus atletas, independente de suas faixas etárias e manter, com eles, uma verdadeira relação de fidelidade, sem quebrar acordos e colocando o interesse do grupo sempre em primeiro lugar com relação à interesses individuais.
Vejo em minhas equipes o quanto é importante mostrar aos jogadores que cada um no grupo tem as suas obrigações e funções no padrão de jogo. Por este motivo, todos tem a sua importância no grupo, sem que seja possível dizer que “fulano” é melhor ou pior que “beltrano”. Dentro disto, fazê-los compreender o sistema de jogo da equipe e, mais que isto, despertar nos atletas uma consciência tática, a ponto de entenderem o que está acontecendo na partida.
Marcos Sorato


Tenho orgulho em dizer que foram muitas as vezes em que pedi tempo para corrigir determinada falha e os atletas já chegavam na beira da quadra com a solução para o problema! A única coisa que faltava era reunirem-se para discutir como fariam... Isto é entender o jogo!

Aliás, sobre isto, a meu ver o bom treinador deve saber ouvir. Apesar de ter que falar muito, e corrigir os erros no exato momento em que ocorrem, deve também saber ouvir aos atletas.
Por fim, deve deixar claro aos atletas o momento em que podem rir durante o treino e o momento em que devem aplicar-se com seriedade, sem brincadeiras. E nunca, jamais, criticar o atleta publicamente, ou fora do grupo. Aliás, o treinador deve ponderar a situação em que deve manifestar sua forma de pensar sobre determinado assunto de forma particular com o atleta ou diante do grupo, porém nunca deve externalizar para fora do grupo. Acredito que seguindo estes caminhos, seja possível iniciar um trabalho vitorioso em um grupo. Forte abraço e até a próxima.

[1] MUTTI, D. Futsal: da iniciação ao alto nível. 2 ed. – São Paulo: Phorte, 2003.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...